Sabe que eu fiquei anos trabalhando na Rádio ABC, feliz da vida, sem nunca me imaginar trabalhando em Porto Alegre. Eu era acolhida demais lá, tratada como filha nos estádios, nossa equipe e colegas era quase família no Grupo Sinos, me assustava ter que desbravar um mundo totalmente novo para mim.
Todo mundo sabe que saí de Novo Hamburgo para trabalhar na capital em 2004, quando trabalhei em tv pela primeira vez no programa Toque De Bola, como repórter e integrante da bancada de debatedores. Ainda vou falar sobre esse momento tão especial na minha carreira aqui, daqui uns dias.
Mas queria voltar uns dois anos antes e contar uma fofoquinha para vocês.
Lá na ABC, eu era repórter da galera, repórter de campo, apresentadora, e plantão esportivo. Tinha muito espaço para uma menina no mundo que todos consideravam masculinho, e que hoje ainda muitas gurias tentam desbravar. Tudo o que tinha, eu estava metida e trabalhando muito como se fosse minha Copa do Mundo, cada transmissão.
Numa das finais em que o XV de Campo Bom disputou contra o Inter no Gauchão, o Haroldo dos Santos me viu cobrindo e disse: -faz um currículo, leva lá na Pampa, teu trabalho é muito legal, tu não pode ficar escondida aqui.
No ano seguinte, lá estava o XV na Copa do Brasil, e de novo tive contato com a imprensa de Porto Alegre, de novo ele insistiu que eu mostrasse tudo o que eu fazia, que era um diferencial na época.
Humildemente fiz meu currículo, coloquei junto algumas fotos, e fui tentar uma conversa.
O chefe de esportes na Pampa na época era quem?????????????????? Ricardo Vidarte.
Ele não me deu a mínima. Me deu oi nem dando bola. Meio que nem acreditou que eu realmente trabalhava naquilo mesmo.
Resultado: voltei para casa odiando “essa gente de Porto Alegre que acha que nosso trabalho do interior não vale nada”, e me preparando para focar todos os meus esforços no que eu continuava fazendo. Meses depois, minha colega Vanessa da Unisinos chegou na faculdade pedindo meu telefone, que o pessoal da Band queria.
Dez anos se passaram, e há três, quem é meu grande parceiro de campinho? Aquele que na época não me levou a sério. Juntos, nos divertimos, debatemos, cuidamos um do outro pessoal e profissionalmente, buscamos o nosso melhor todos os dias. A bola que rola nos campos, rola na vida. Aquele que um dia não te viu como tu gostarias, pode ter impulsionado ainda mais tua vontade de vencer. Que bom que hoje, comemoramos juntos!!
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